Após especular que seria o último líder budista do Tibete, Dalai Lama anuncia que terá sucessor
Ele encerra anos de incerteza ao declarar em vídeo, antes de seu 90º aniversário, que novo guia espiritual deve ser encontrado de acordo com as tradições

O Dalai Lama encerrou anos de especulação sobre a continuação da milenar instituição budista do Tibete ao declarar, nesta quarta-feira, 2, que um sucessor deve ser escolhido após a sua morte. Anteriormente, ele havia indicado que poderia ser a última pessoa a ocupar o cargo.
Em discurso em vídeo durante celebrações que vão culminar com seu 90º aniversário, no domingo, 6, o líder espiritual tibetano, vencedor do Prêmio Nobel da Paz, disse que o próximo Dalai Lama deve ser encontrado e reconhecido de acordo com as tradições budistas.
Os budistas tibetanos acreditam que o Dalai Lama pode escolher o corpo no qual reencarna, o que já aconteceu catorze vezes desde a criação da instituição, em 1587.
Tensões com a China
O atual líder insistiu que ele reencarnaria num sucessor nascido fora da China – em declarações anteriores, havia dito que poderia ressurgir na Índia, onde vive exilado, e poderia ser um menino ou uma menina. Pequim, que o considera um separatista e diz que “não tem o direito de representar o povo tibetano”, afirmou que somente ela tem autoridade para encontrar o novo Dalai Lama.
Tenzin Gyatso tornou-se a 14ª reencarnação do Dalai Lama em 1940, quando tinha apenas dois anos de idade. Dezenove anos depois, ele fugiu do Tibete quando tropas chinesas reprimiram uma revolta na capital da região, Lhasa, e desde então vive exilado na cidade indiana de Dharamshala.
Ele afirmou que “a instituição do Dalai Lama continuará” e que a busca por um futuro Dalai Lama deve ser realizada “de acordo com a tradição passada”.
A maioria dos budistas tibetanos, tanto no Tibete quanto no exílio, se opõe ao rígido controle da China sobre o Tibete.
Autoridades tibetanas disseram à agência de notícias Reuters que o Dalai Lama deve ainda colocar em prática sua decisão, tomada em 2011, de entregar seu papel político a um governo democraticamente eleito. O plano encerrará a tradição de 368 anos de ocupar a liderança religiosa e política ao mesmo tempo.