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Negócios, Mercados & Cia

Governo Lula e o risco de repetir a Argentina

Inflação e dívida pública em alta têm tirado o sono do ente chamado “mercado financeiro”, que cobra a mudança da política do “gasto é vida”

Por Neuza Sanches Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 16 dez 2024, 08h06 - Publicado em 16 dez 2024, 08h00

Mesmo depois de duas intervenções do Banco Central, o dólar fechou a semana passada ainda no assustador patamar de R$ 6 (o BC prometeu despejar mais US$ 3 bilhões no mercado de câmbio ainda hoje; a ver o resultado). As projeções de alta para juros e inflação também não dão trégua – e, no último caso, têm ficado cada vez mais distantes das metas oficiais. Descontentes com a atual política econômica, os agentes de mercado criticam o pacote fiscal apresentado pelo governo Lula, considerado pífio, e dizem que, se a rota não for alterada, a dívida pública vai crescer sem controle. Assim como a inflação. Diante desse quadro, surge a inevitável pergunta: vamos virar uma nova Argentina, ou, pelo menos, a Argentina que existia antes de Javier Milei tomar posse?  

Em conversas com lideranças do mercado, a resposta unânime que a coluna ouviu foi: “Não”. Por que, então, esse ente chamado “mercado financeiro” insiste em dar as costas ao governo Lula? Vamos lembrar que pesquisa Quaest divulgada no início do mês mostrou que 90% dos participantes do “mercado” desaprovam a atual administração.  

Um banqueiro explica: “Estamos em uma estrada em direção ao abismo inflacionário, e o motorista acelera sem ver para onde está indo e sem se preocupar em mudar de estrada. O País não aguentará mais um governo Lula nessa estrada”. O medo é que o governo mantenha sua política fiscal expansionista (a “estrada”) e não perceba que esse receituário não deu certo no passado e que as consequências (“abismo”) podem custar mais caro ao País, com o indesejado retorno do pesadelo inflacionário.

Dá tempo de mudar a direção desse carro? Sim, é possível, mas também nesse ponto os sinais emitidos até agora pelo governo são desencorajadores. Vendido por muito tempo pela equipe econômica como um arranjo estrutural de gastos, o pacote fiscal saiu mirrado, e corre o risco de ser ainda mais desidratado no Congresso. Em outra frente, o presidente Lula, sempre que testado, tem tomado decisões que fortalecem a ala política do seu governo (mais interessada nos dividendos eleitorais de curto prazo), em detrimento do ministro Fernando Haddad.

Enquanto isso, o chamado “anarcocapitalista” Milei passou a ser citado de forma elogiosa por economistas e organismos econômicos que, até antes da sua posse, há um ano, previam o pior dos mundos. Por meio de uma drástica política de corte de gastos e arrocho, ele conseguiu derrubar a inflação mensal de 25%, em dezembro de 2023, para 2,7% em outubro passado. Se a projeção é de queda de 3,5% do PIB neste ano, o FMI já fala em alta de 5% no próximo ano. Pressionado pelas circunstâncias políticas, Milei teve de abandonar (por ora?) duas das suas principais promessas eleitorais: adotar o dólar como moeda nacional e fechar o banco central argentino.  

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Em contrapartida, pesquisas recentes mostram que 50% da população do país está agora em situação de pobreza. É o lado indesejado de um processo de ajuste radical que colocou em segundo plano as questões sociais. Ninguém quer isso para o Brasil, mas o governo Lula não parece levar a sério os avisos de desvio que têm aparecido “nessa estrada”.

*A coluna voltará em Janeiro. Ótimas festas; excelente 2025.

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